Moldes para PU: rígido vs. flexível: o segredo está no detalhe (e no molde!)

Trabalhar com poliuretano (PU) oferece versatilidade incrível, mas exige precisão. Uma das dúvidas mais comuns é “Preciso de um molde diferente para PU rígido e flexível?” A resposta é um sonoro SIM! 

Usar o molde errado pode resultar em peças deformadas, com má qualidade superficial, difícil desmoldagem ou até danos permanentes ao molde.

Vamos desvendar, ponto a ponto, as diferenças fundamentais que todo fabricante e projetista deve conhecer.

Por que a diferença entre moldes para PU rígido e flexível é TÃO Importante?

O comportamento do PU durante e após a reação química (cura) varia drasticamente entre as formulações rígidas e flexíveis. Isso impacta diretamente:

  1. Contração: quanto o material encolhe ao solidificar;
  2. Forças de desmoldagem: o esforço necessário para extrair a peça;
  3. Transferência de calor: como o material absorve e dissipa o calor do molde;
  4. Resistência mecânica: como o material “empurra” contra as paredes do molde durante a expansão;
  5. Acabamento superficial: a fidelidade aos detalhes do molde.

Diferenças no projeto e construção de moldes para PU rígido vs. flexível

Projetar moldes para poliuretano exige entendimento profundo do comportamento do material. As diferenças entre PU rígido e flexível impactam diretamente em aspectos críticos do molde:

Ângulo de saída (Draft Angle)

PU rígido: aceita ângulos mínimos (1° a 1.5°) graças à sua estabilidade estrutural.

PU flexível: exige ângulos generosos (3° a 5° ou mais) para evitar deformação ou rasgo durante a desmoldagem.

Por quê? O material flexível adere mais às paredes do molde. Draft reduzido = risco de peças danificadas.

Esta é talvez a diferença MAIS PRÁTICA E IMEDIATA. Imagine tentar tirar uma “geleia” de um copo com bordas retas. É assim que o PU flexível se comporta. 

O draft generoso (3°, 5° ou até mais, dependendo da profundidade e flexibilidade) é não negociável para flexíveis. Ele reduz drasticamente a força necessária para desmoldar e previne deformação permanente ou rasgo da peça macia. 

Para rígidos, peças com geometria simples podem ter draft mínimo (1°), mas sempre necessário.

Compensação de contração

PU flexível: contração alta (3.0% a 6%) → o molde deve ser maior que a peça final.

PU rígido: contração menor (0.6% a 1.2%) → compensação mais sutil, mas ainda obrigatória.

Por quê? Ignorar este fator pode gerar peças fora da especificação dimensional. O PU flexível encolhe significativamente mais que o rígido ao curar.

Isso significa que o molde para peças flexíveis precisa ser calculado para ser maior do que a dimensão final desejada da peça, aplicando um fator de contração específico (dado pelo fornecedor do poliuretano!). 

Ignorar isso resulta em peças menores que o especificado. Para rígidos, a compensação é menor, mas ainda existe e deve ser considerada.

Sistema de venting (alívio de ar)

PU rígido: exige ventilação padrão para evitar bolhas.

PU flexível: requer ventings amplos, múltiplos e estratégicos (ex.: auto-vents ou ribbon vents).


Por quê? A alta viscosidade do flexível dificulta expulsão do ar, bolhas e defeitos superficiais são comuns sem venting otimizado.

O ar preso é o inimigo de qualquer moldagem, mas é devastador para flexíveis. Por serem mais viscosos durante o fluxo, têm maior dificuldade em expulsar o ar de cavidades finas e cantos profundos. 

Moldes para PU flexível exigem ventings mais numerosos, mais largos e estrategicamente posicionados.

Em rígidos, o fluxo geralmente é mais fácil, mas venting adequado sempre melhora a qualidade.

Dependência de sistemas de liberação

PU rígido: desmoldantes convencionais geralmente suficientes.

PU flexível: exige desmoldantes premium + projeto otimizado (draft + textura).

Por quê? O flexível tem alta tendência a “grudar” → liberação ineficiente = deformação da peça.

Embora desmoldantes sejam usados em ambos os casos, os flexíveis são muito mais “pegajosos” e sensíveis. 

Exigem desmoldantes de alta performance, formulados especificamente para elastômeros, e sua aplicação deve ser mais frequente e uniforme.

O projeto correto do molde (draft!) é a primeira linha de defesa, o desmoldante é o reforço essencial. Em rígidos, desmoldantes padrão costumam ser suficientes se o draft for adequado

Controle térmico

PU rígido: alta sensibilidade ao calor, exige resfriamento preciso para gerenciar pico exotérmico.

PU flexível: comportamento térmico mais estável, controle menos crítico (mas ainda vital).

Por quê? Rígido cura rápido com liberação intensa de calor, falhas térmicas podem causar distorções.

Entender e aplicar estas diferenças no projeto do molde não é um detalhe, é o fator determinante entre o sucesso e o fracasso na produção de peças de PU de qualidade. 

Escolher o molde errado significa retrabalho, refugo, danos e perda de tempo e dinheiro. Antes de encomendar ou projetar seu próximo molde para poliuretano, pergunte SEMPRE:

  1. É PU Rígido ou Flexível?
  2. Qual a contração específica da resina que vou usar?
  3. Quão complexa é a geometria da peça? 

Invista em um projeto de molde especializado para o tipo específico de PU. O custo inicial é amplamente compensado pela qualidade consistente, alta produtividade e vida útil prolongada do molde.

Precisa de ajuda para especificar ou projetar o molde ideal para sua aplicação de PU?  Nossa equipe domina os detalhes técnicos, entre em contato

Compartilhe:

Outras publicações

A Modelcraft utiliza cookies e outras tecnologias para melhorar a sua experiência. Ao continuar navegando, você concorda com a utilização dessas tecnologias, como também, concorda com os termos da nossa política de privacidade.

A Modelcraft utiliza cookies e outras tecnologias para melhorar a sua experiência. Ao continuar navegando, você concorda com a utilização dessas tecnologias, como também, concorda com os termos da nossa política de privacidade.